“ESCONDER A CABEÇA NA AREIA”
As recentes declarações do Euro deputado Duarte Freitas abordando o problema que se está a passar com os emigrantes açorianos nas Bermudas, evidencia a importância da nossa integração na União Europeia e o facto dos Açores estarem representados no Parlamento Europeu.
Há alguns meses que se vem falando na possibilidade de alguns milhares de imigrantes nas Bermudas serem “repatriados” para os Açores, com base numa lei bermudiana, de Março de 2001, que proíbe a permanência de trabalhadores estrangeiros por mais de 6 anos naquelas ilhas. Muito recentemente a questão tomou novas proporções com a notícia de que as autoridades daquele território irão divulgar fotografias dos imigrantes com visto de permanência caducado, considerando-os fugitivos e oferecendo recompensas monetárias por informações sobre onde se encontram .
As Bermudas, sendo uma região autónoma sob a tutela da Inglaterra, é um dos territórios associados à União Europeia cujos Estados-Membros contribuem para os investimentos financiados pela União que ali são realizados.
É compreensível que o respectivo governo queira implementar medidas de contenção do crescimento populacional e protectoras ao emprego dos seus naturais que impliquem restrições ao acesso de imigrantes, mesmo com origem nos países da União Europeia. Portugal também receia a possibilidade de uma “invasão” de mão de obra barata proveniente de países do leste Europeu, mais propriamente dos novos aderentes à União - a Roménia e a Bulgária. Já não é aceitável a adopção de medidas de perseguição, bem à maneira do antigo Far West, num total desprezo pela dignidade dos trabalhadores que agora vêm terminados os seus contratos de trabalho, como parece passar-se nas Bermudas.
A falta de apoio do Governo de Portugal aos cerca de dez mil açorianos ali residentes, quando deixou o consulado em Hamilton sem titular desde 2001,terá tido forte influencia no desenrolar dos acontecimentos, da mesma forma como foram inconsequentes as preocupações manifestadas pelo Presidente do Governo Regional dos Açores quando, na visita oficial que em Junho de 2005 fez às Bermudas, declarou “ estou em condições de assegurar que o problema do melhor funcionamento do serviço consular aqui será resolvido após a observação que vou fazer nestes dois ou três dias”. O consulado de Portugal em Hamilton não só continuou sem Cônsul nem vice-cônsul, como também foi encerrado, provisoriamente, por licença de parto da única funcionária que assegurava o serviço do expediente.
Todavia, contrastando com as preocupações da comunidade de emigrantes nas Bermudas, os governantes açorianos agora afirmam: “Não estamos nada preocupados, pois tudo se tem passado de uma maneira absolutamente normal”.
O Governo português deveria ter outra atitude na defesas dos interesses dos emigrantes açorianos residentes nas Bermudas e do quanto é importante para algumas centenas de famílias as remessas dos fundos mensalmente por eles enviados.
A diplomacia portuguesa tem a obrigação de intervir por forma a travar os ímpetos do governo das Bermudas que atentam contra a dignidade dos nossos emigrantes, evitando a humilhante publicação das suas fotografias associada a uma recompensa financeira por informações que levem à suas capturas.
P.Delgada,15 de Janeiro de 2006
Cláudio Almeida
Há alguns meses que se vem falando na possibilidade de alguns milhares de imigrantes nas Bermudas serem “repatriados” para os Açores, com base numa lei bermudiana, de Março de 2001, que proíbe a permanência de trabalhadores estrangeiros por mais de 6 anos naquelas ilhas. Muito recentemente a questão tomou novas proporções com a notícia de que as autoridades daquele território irão divulgar fotografias dos imigrantes com visto de permanência caducado, considerando-os fugitivos e oferecendo recompensas monetárias por informações sobre onde se encontram .
As Bermudas, sendo uma região autónoma sob a tutela da Inglaterra, é um dos territórios associados à União Europeia cujos Estados-Membros contribuem para os investimentos financiados pela União que ali são realizados.
É compreensível que o respectivo governo queira implementar medidas de contenção do crescimento populacional e protectoras ao emprego dos seus naturais que impliquem restrições ao acesso de imigrantes, mesmo com origem nos países da União Europeia. Portugal também receia a possibilidade de uma “invasão” de mão de obra barata proveniente de países do leste Europeu, mais propriamente dos novos aderentes à União - a Roménia e a Bulgária. Já não é aceitável a adopção de medidas de perseguição, bem à maneira do antigo Far West, num total desprezo pela dignidade dos trabalhadores que agora vêm terminados os seus contratos de trabalho, como parece passar-se nas Bermudas.
A falta de apoio do Governo de Portugal aos cerca de dez mil açorianos ali residentes, quando deixou o consulado em Hamilton sem titular desde 2001,terá tido forte influencia no desenrolar dos acontecimentos, da mesma forma como foram inconsequentes as preocupações manifestadas pelo Presidente do Governo Regional dos Açores quando, na visita oficial que em Junho de 2005 fez às Bermudas, declarou “ estou em condições de assegurar que o problema do melhor funcionamento do serviço consular aqui será resolvido após a observação que vou fazer nestes dois ou três dias”. O consulado de Portugal em Hamilton não só continuou sem Cônsul nem vice-cônsul, como também foi encerrado, provisoriamente, por licença de parto da única funcionária que assegurava o serviço do expediente.
Todavia, contrastando com as preocupações da comunidade de emigrantes nas Bermudas, os governantes açorianos agora afirmam: “Não estamos nada preocupados, pois tudo se tem passado de uma maneira absolutamente normal”.
O Governo português deveria ter outra atitude na defesas dos interesses dos emigrantes açorianos residentes nas Bermudas e do quanto é importante para algumas centenas de famílias as remessas dos fundos mensalmente por eles enviados.
A diplomacia portuguesa tem a obrigação de intervir por forma a travar os ímpetos do governo das Bermudas que atentam contra a dignidade dos nossos emigrantes, evitando a humilhante publicação das suas fotografias associada a uma recompensa financeira por informações que levem à suas capturas.
P.Delgada,15 de Janeiro de 2006
Cláudio Almeida
Marcadores: Correio dos Açores
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