sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A Ideia da Europa (I)

É interessante verificar que a ideia de uma Europa unida assente em pilares primordiais como a paz e a de defesa dos valores religiosos, políticos e estratégicos, tem origens muito antigas.
Várias personagens históricas se podem referir como percursores da ideia de uma Europa unida e forte .
O Papa Pio II (1458-1464),que após a queda do império Bizantino fez um apelo á união dos povos europeus propondo a criação de um exército comum, um parlamento europeu, um tribunal supranacional e uma capital que mudaria de sede de cinco em cinco anos. Filipe de Habsburgo - o Belo (1478-1506), que se dirigiu a todos os príncipes da Europa apelando a uma união dos Estados soberanos contra as invasões turcas. Carlos V (1530-1556) - imperador do Sacro Império Romano, que pretendia a construção de um Império Europeu com autonomia para os Estados mas com obediência ao poder central sempre que estivesse em causa as necessidades do Império, a exemplo do Império Romano com a grande pluralidade de culturas unidas em torno da sua soberania .
Mas só no final da primeira metade do Século XX, com uma Europa devastada por duas grandes guerras, a de 1914 /1918 e a de 1939/1944, se elabora um projecto impulsionador para a Paz, para a prosperidade, para a comunidade espiritual e para a cultura, projecto primordial para o fundamento da União Europeia actual – é o congresso de Haia, em 1948. Dois anos antes Winston Churchill referia-se àquele projecto como “ uma estrutura que lhe permita (à Europa) viver e crescer em paz, em segurança e em liberdade”, falava mesmo de “ uma espécie de Estados Unidos da Europa”.
Na sequência do Congresso de Haia de 1948, Robert Shuman e Jean- Monnet propõem e fazem aceitar a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, à qual virão acrescentar-se o Euratomo e o Mercado Comum , cujo tratado é assinado em Roma a 25 de Março de 1957, pelos ministros dos negócios estrangeiros dos seis países fundadores da União Europeia - Alemanha, França, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Este foi o passo gigantesco para o nascimento da Europa idealizada por Denis de Rougemont, tal como escreveu na sua “Carta aberta aos Europeus”, em 1970: “Uma Europa que não será necessariamente a mais poderosa ou a mais rica; será, isso sim, esse canto do planeta indispensável ao mundo de amanhã, onde os homens de todas as raças poderão encontrar não talvez a felicidade, mas mais sabor, mais sentido de vida.”
Em 1985 o Conselho da Europa decide aceitar Portugal e Espanha nas Comunidades-Europeias, que se juntam aos dez outros Estados - Membros.
Hoje, decorridas duas décadas da plena integração de Portugal na Europa e quando nos preparamos para ratificar a Constituição Europeia, é lícito perguntar se os fundos comunitários que beneficiamos foram bem aplicados e se os actuais responsáveis governamentais, nomeadamente da R.A. dos Açores, saberão aproveitar os mais de 1.600 milhões de Euros de novos apoios comunitários para os próximos sete anos e que continuam a ter por objectivo reduzir os acentuados níveis de atraso em que os Açores se encontram.

Cláudio Almeida
P.Delgada,31 de Janeiro de 2007

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