terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O substituto da heroína…

Registo, com satisfação, que no programa deste governo houve a preocupação de criar uma Direcção Regional para a Prevenção e Combate às Dependências. Lamentavelmente, surge demasiado tarde para os que já se tornaram consumidores dependentes, mas ainda vem a tempo de promover a necessária prevenção primária, a começar pelas escolas do Primeiro Ciclo.

Nos Açores, o consumo de substâncias psicotrópicas atinge jovens adolescentes com cada vez menos idade e faz-se nas mais diversas freguesias. Somos uma das regiões do país com as mais elevadas percentagens de consumidores e onde 80% dos roubos e pequena criminalidade são praticados por indivíduos que precisam de dinheiro para comprar drogas.

Enfrentar este problema e conseguir a sua redução é a obrigação do novo titular da Secretaria Regional da Saúde.
Para ter a noção da sua verdadeira dimensão e do pouco que se fez nessa área, devia percorrer aquilo a que o Correio dos Açores chamou de “ roteiro da vergonha ”, ou seja, ir aos locais onde abundam as seringas e restos de papel de prata abandonados pelos consumidores depois de utilizados. Deve conhecer os sítios onde, em plena luz do dia, se podem ver traficantes que se confundem com consumidores, se passeando junto de escolas e de locais de concentração de juventude. Deve visitar as cadeias e Casas de Saúde, como a JSD/Açores o fez há mais de dois anos, para conhecer a realidade das centenas de reclusos e toxicodependentes que precisam de tratamento de metadona.

Se é motivo de preocupação o consumo e o tráfico das drogas pesadas, não pode ser esquecido o tráfico dos medicamentos substitutos da heroína! O subutex, que não estará a ter os efeitos desejados no tratamento de dependentes de heroína por falta de acompanhamento de terapias de ajuda, é traficado entre toxicodependentes.

Em 2006, foram prescritas, nos Açores, receitas médicas que resultaram no fornecimento de 18.068 caixas de comprimidos subutex, colocando à disposição dos consumidores dependentes uma média de mais de 1.500 embalagens por mês. E será a facilidade com que se obtém uma receita médica para a sua compra que faz com que seja traficado. Se uma caixa de subutex custa 22 € ao utente e 15 € ao Sistema Regional de Saúde, um só comprimido atinge 30 € quando traficado.

A prevenção primária, educando para estilos de vida saudável, a dissuasão e recuperação dos consumidores dependentes, e a fiscalização e controlo das prescrições de substitutos de drogas ilícitas, devem constar da estratégia para combater, com eficácia, este flagelo que afecta as famílias e a sociedade em que vivemos e, muito particularmente, os mais jovens.
Uma estratégia coordenada entre as autarquias locais, as polícias e a administração regional, na qual se deve incluir o apoio do Instituto da Droga e da Toxicodependência.

Um Feliz Natal para todos.
P.D. Dezembro/08
"Correio dos Açores"

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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Dar Espaço aos jovens

Os resultados das últimas eleições regionais, em Outubro passado, nomeadamente os números que demonstram a grande abstenção dos mais de cem mil eleitores que não votaram, que corresponde a 54% de açorianos recenseados, devem ser motivo de preocupação.

Se de uma maneira geral o distanciamento entre os eleitores e os governantes se acentua, é no sector mais jovem da população que se sente algum afastamento da política.

É verdade que este afastamento dos jovens à política não é típico dos Açores. É um problema que se vive no país e no mundo. A excepção parece ter ocorrido no recente processo eleitoral americano que levou à vitória do Presidente Obama.

Nas eleições americanas, a forte participação dos jovens foi uma das tónicas de toda a campanha eleitoral, quer nas primárias do Partido Democrata, quer no combate político entre o republicano McCain e o democrata Obama. A origem da significativa participação dos jovens americanos terá ocorrido em resultado da mensagem de esperança, de incentivo à intervenção activa dos jovens na política americana, adequadamente expressa pela excelência da oratória do então senador do Illianois, Barack Obama.

Nos Açores, a juventude sente falta desses estímulos. As jovens e os jovens destas ilhas precisam e querem participar na vida política da sua Região. Na política partidária, mas também ao nível da política regional, municipal e local. Da sua participação em actividades cívicas, fortalecendo o tecido social das nossas comunidades.

A integração dos jovens na política deve ser encarada numa perspectiva de defesa dos seus interesses mas também numa dinâmica de renovação, co-responsabilizando-os na procura de respostas para velhos problemas que ensombram o seu futuro.

Os governos socialistas não tiveram essa capacidade.
Sempre tiveram muito dinheiro à sua disposição. Deram e gastaram milhões numa opulência que contrastava com a realidade e a pobreza do nosso povo. Até anunciaram excesso de dinheiro nas contas públicas para agora dizerem que não o têm.

Chegou a hora de olhar o futuro com esperança. De dizer que somos capazes! Que queremos um melhor futuro para as jovens e jovens desta nossa Região Autónoma.

A nova liderança do PSD/Açores tem essa obrigação. A Drª Berta Cabral, que vai ser Presidente do Governo dos Açores, em 2012, tem que ter como uma das suas preocupações dar espaço à juventude açoriana. Fazer com que a sua participação na política açoriana seja uma realidade. Porque o futuro dos Açores, e assim, o futuro da Autonomia Política dos Açores, reside nas futuras gerações de políticos, de empresários e de trabalhadores.

O futuro dos Açores não se pode construir sem a participação activa dos jovens de hoje, que serão o “homens” de amanhã.


Cláudio Almeida



In "Correio dos Açores" 16 de Janeiro

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