quinta-feira, 5 de março de 2009

Por Exemplo



Continua a ser pertinente falar sobre a pouca participação política da juventude na vida da nossa Região Autónoma. Porém, não basta falar do problema de uma forma abstracta. É preciso identificar as causas e implementar medidas adequadas que motivem o envolvimento dos jovens

É importante apurar as razões porque mais de 15.000 jovens , com idades entre os 18 e os 24 anos, não se tenham interessado por votar nas últimas eleições regionais - saber porque motivos tanta gente jovem, mais de metade dos 28.700 que se encontravam naquele grupo etário, em Julho do ano passado, não se sentiu motivada para o recenseamento eleitoral que lhes possibilitaria votar.

É verdade que as alterações introduzidas ao Regime Jurídico do Recenseamento Eleitoral, aprovadas pela Assembleia da República, em 27 de Agosto último, vão contribuir para a sua actualização. Todavia, a inscrição oficiosa e automática, no recenseamento eleitoral, não será suficiente para incentivar uma maior intervenção dos jovens nos actos eleitorais.

Admito que parte do desinteresse se deva às sombrias perspectivas de futuro e ao crescente descrédito nos políticos, que muitas vezes tudo prometem e pouco cumprem.
Que situações como a recente cobertura do Estado ao escândalo financeiro do Banco Português de Negócios e do tão falado caso Freeport, que coloca o primeiro ministro de Portugal sob suspeita, contribuam para esse desinteresse.

Parecerá uma atitude compreensível, mas não é a mais correcta.
Não podemos desistir do nosso envolvimento na construção do futuro.

É preciso que as jovens e os jovens destas ilhas tenham oportunidade de participar e discutir pontos de vista. Eles querem propor alternativas viáveis e que elas sejam consideradas. É preciso dar-lhes essa oportunidade .

É isso que se espera dos órgãos de Governo da Região, a começar pela Presidência do Governo.
Por exemplo, no âmbito das reuniões de preparação dos Planos de Investimentos do governo e das Opções a Médio Prazo. Seria um sinal de aproximação e de confiança nos jovens, que o Conselho Regional de Juventude, que é a estrutura representativa dos jovens dos Açores, fosse chamado, como parceiro social importante, para a elaboração dos Planos de Governo.

Há mais incentivo à participação quando nos é pedido a cooperar na preparação de um projecto, do que quando se é chamado a dar parecer sobre um projecto concluído.
É com os jovens, conhecedores dos problemas que mais lhes afectam, que se vão encontrar melhores soluções .

Soluções para velhos problemas que teimam em não ser resolvidos.
Por exemplo, a questão da crescente diminuição de população e o êxodo de jovens em algumas das nossas ilhas, que não tem tido a atenção devida, e continua a estar fora das preocupações dos Governos do PS.

Cláudio Almeida
P.Delgada, 10/02/2008

Correio dos Açores

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