domingo, 20 de janeiro de 2008

Politica Externa Euro-atlântica







O Inicio de uma nova era:

Ialta e Potsdam







Professo Doutor Luís Manuel Vieira de Andrade
Claudio Borges Almeida













· O fim da Guerra e o inicio da Guerra-fria

Desde 1942 que as cimeiras inter-aliadas se sucedem com objectivo de delinear estratégias de Guerra e, posteriormente, de paz. Nomeadamente – 1942-Washington e Moscovo; 1943-Casablanca, Washington, Quebec, Moscovo, Cairo, e Teerão (decisão do desembarque na Normandia, e primeiros planos para o pós Guerra); 1944-Dubarton Oaks e Moscovo; 1945-Ialta e Postdam.
Na fase final da Guerra, enquanto as democracias ocidentais se viam em dificuldades na resposta militar à última reacção alemã, o exército soviético vinha impondo pesadas derrotas aos exércitos nazis e avançava triunfante pelos territórios ocupados a leste.
Com o fim da II Grande Guerra Mundial, a Europa ficou politicamente e economicamente desorganizada e enfraquecida. A situação foi agravada pela instabilidade politica, favorecida pelo antagonismo entre os Estados Unidos da América e a União das Republicas Socialistas Soviéticas. Os aliados faziam grandes esforços para reconstruir uma Europa devastada pela Guerra.
Do outro lado, caminhavam em direcção a Berlim, a URSS com ideias de expandir a sua doutrina. O desmantelamento da nova ordem alemã e a reconstrução da Europa inicia-se sobre um verdadeiro clima de desconfiança e medo, visível em ambos os lados – EUA e URSS.
Com a exclusão da Alemanha, do Japão e da Itália e o enfraquecimento da Grã-Bretanha e da França na II Guerra Mundial, os EUA e a URSS surgiram como as duas super – potências.

Ialta:
As fronteiras políticas foram estabelecidas nas conferências de Ialta e Potsdam, pelos três grandes – União Soviética, Grã-bretanha e Estados Unidos da América.
Entre 4 e 11 de Fevereiro de 1945, Roosevelt, Estaline e Churchil reúnem-se em Ialta, nas margens do mar Negro, para estabelecer as novas regras que devem suportar a renovada ordem internacional do pós-guerra. Apesar das diferenças que se faziam existir e das divergências que opunham os três líderes mundiais, existia um clima de cooperação, cordialidade e confiança.
Da conferência de Ialta saíram importantes decisões para a ordem internacional. Destas, foram confirmadas medidas no que dizem respeito: Ao desmembramento da Alemanha em quatro zonas de ocupação, sob tutela administrativa dos EUA, Inglaterra, França e URSS. Estaline, consegue, na Conferência de Ialta, uma repartição vantajosa das zonas de influência, de modo que a partir de 1945 possa exportar a revolução socialista para os países do Leste da Europa. [1]“Não foi Churchil, sem dúvida, o grande vencedor da Segunda Guerra Mundial, mas sim Estaline”.
Definiram-se as fronteiras da Polónia, ponto da discórdia dos ocidentais, que não esqueciam que tinha sido a violação destas mesmas fronteiras, o início e a causa da Segunda Guerra Mundial. A Polónia foi o tema mais contestado da conferência. Temendo o avanço soviético na Europa Central, Winston Churchill, e o presidente norte-americano, Franklin D. Roosevelt, traçavam para a Varsóvia um governo com legitimação democrática, escolhido através de eleições livres. Por outro lado, Estaline salientava o poder democrático do governo por ele estabelecido na Polónia. [2]“Polónia (…) os três chefes do governo (…) reconhecem que a polónia deverá beneficiar dum substancial crescimento territorial”.
Desta Cimeira saiu também, a decisão de realização de uma conferência em São Francisco, nos EUA, para aprovar a “Carta das Nações Unidas”. Cujo as directrizes essenciais são delineadas em Ialta. [3]“Mediante esta declaração, reafirmamos a nossa fé nos princípios de Carta do Atlântico, o nosso compromisso com a Declaração das Nações Unidas e a nossa determinação de construir em cooperação com outras nações amantes da paz, da ordem mundial (…), a paz, a segurança, as liberdades e o bem-estar da humanidade” (…) ”Foi decidido convocar para o dia 25 de Abril de 1945, uma conferencia das Nações Unidas relativa à projectada Organização Mundial.”
A celebração de eleições livres nos Estados subtraídos à ocupação nazi, supervisionadas pelas potências vencedoras, fazia parte das conclusões desta conferência. Seria essencial libertar e dar voz aos cidadãos reféns dos países da ocupação, de forma a instaurar a democracia.
Estaline acabou por ser o grande triunfador desta conferência, apesar de as forças ocidentais terem também conseguido integrar a França na partilha da Alemanha como forma de enfraquecer a influência da URSS.
A conferência de Ialta confirmou também as iniludíveis divisões ideológicas que caracterizavam as forças aliadas e respectivos interesses geostratégicos e opostos.
Em Maio de 1945, as apreensões de Churchil quanto á conferência de Ialta são claras, e num telegrama ao presidente dos Estados Unidos da América, na altura Truman, afirma: [4]“Trabalhei sempre em favor da amizade com os Russos mas, tal como vós, sinto uma viva inquietação devido a interpretação errada que fazem das decisões de Ialta (…) e sobretudo a possibilidade que tem de manter (…) enormes exércitos em campanha. Qual será a situação dentro de um ou dois anos? Nessa altura, os exércitos americanos e britânicos ter-se-ão retirado (…) e disporemos apenas de um punhado de divisões, em grande parte francesas, enquanto a Rússia será livre de manter duzentas ou trezentas.
Uma cortina de ferro abateu-se sobre a frente Russa. Ignoramos totalmente o que se passa por detrás dela”. Deste modo as derrotas da Alemanha e Japão tornam a situação para URSS facilitada, passando a ter espaço para se expandir através da força coadjuvada com a doutrina marxista-leninista para implementar uma politica expansionista. [5]“O primeiro-ministro britânico na altura, Winston Churchill, referiu-se a este assunto do seguinte modo: (An iron curtain is drawn down upon their front. We do not know what is going on behind it) ”.




· Potsdam:
A conferência de Potsdam realizou-se de 17 de Julho a 2 de Agosto de 1945, logo a seguir a capitulação de Hitler. Decorreu sobre um clima muito mais tenso que a conferencia de Ialta, devido as desconfianças dos Estados do Ocidente (EUA, Grã-Bretanha e França) face ás intenções de Estaline e do expansionismo Soviético.
Os protagonistas foram o novo presidente norte-americano, Harry S. Truman, que em Abril de 1945 havia sido eleito em substituição de Franklin Roosevelt, o ditador da URSS Josef Estaline e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill, este ultimo sendo substituído durante a conferência por Clement Attlee, em virtude da derrota eleitoral face aos trabalhistas.
Foram certificadas as resoluções tomadas em Ialta e foram instauradas novas medidas relativamente a Alemanha, na condição de derrotada.
Nesta conferência ficou estipulado a criação de um tribunal internacional para a condenação de criminosos de guerra, onde afirmaram a Carta de Londres do Tribunal Militar Internacional, dando origem ao Tribunal de Nuremberg. [6]“Os criminosos de guerra (…) serão detidos e submetidos a julgamento (…).”
Foi estipulado um valor de indemnizações a pagar aos aliados pela a Alemanha, e procedeu-se a uma resolução para a desmilitarização e consequente desmantelamento das indústrias bélicas que tinham suportado o regime nazi de Hitler. Do qual fez também parte a [7]“supressão do partido Nacional-socialista e organizações filiadas ou debaixo do seu controlo” e a “(…) dissolução de todas as organizações nazis (…).”
Procedeu-se a definição de um Estatuto especial para Berlim, capital da Alemanha que ficou entaladela na área de predomínio soviético, por força da divisão do território. A cidade veio, também a ser dividida em quatro zonas de influência, em que cada qual fazia parte dos Estados intervenientes no processo.
A confirmação das fronteiras estabelecidas na conferencia de Ialta, e a redefinição do mapa politico da Europa, sobretudo da Europa central e do leste, com prejuízo para os antigos Estados satélites da Alemanha, veio beneficiar a URSS e o seu expansionismo.
Na conferência de Potsdam Estaline começa a denunciar o imperialismo americano e ante prevê o cerco capitalista, numa guerra de diálogo e de ideologias que vai marcar o início da Guerra-fria, A URSS vai levar avante a recusa de entrar no Plano Marshall, demarcasse assim da velha aliança EUA/Grã-Bretanha e do Ocidente.








· Notas Finais:
O novo traçado da Europa decorrente das conferências de paz não conseguiu esconder a divisão do velho continente em duas zonas perfeitamente delimitadas. A ocidente do meridiano 12, uma Europa atlântica destruída, dependente das ajudas americanas, em cuja a esfera de influencia acabará por cair. A leste do referido meridiano, uma Europa também destruída, liberta da ocupação nazi graças a acção do Exército Vermelho, que acabará por impor a influência soviética.
Esta clara divisão da Europa acaba por reforçar a desconfiança relativamente às posições de Estaline sobre a evolução política dos países de leste e o consequente endurecimento das posições dos dois blocos geopolíticos em que o mundo se apresentava dividido.
Já visível na conferencia de Ialta esta disputa de interesses intensificou-se após a morte de Franklin Roosevelt e com a sucessão de Harry Truman como presidente dos EUA. O monopólio norte-americano da bomba nuclear, detonada pela primeira vez, a 16 de Julho de 1945, aumentou a tensão, e após a conferência de Potsdam, que não levou a qualquer desfecho, com êxito, de Julho a Agosto de 1945, a União Soviética, sob o comando de Estaline, decidiu solidificar o domínio comunista na Europa de Leste.
É necessário salientar de que foi na Conferência de Moscovo que terminou o relacionamento existente entre os EUA, a URSS e as restantes democracias Ocidentais. [8]“George Kennan percebeu que as continuas tentativas de Roosevelt para que os EUA se associassem a URSS eram politicas, Histórica e moralmente erradas”. Num [9]“longo telegrama” de [10]George Kennan para o presidente Norte-americano Harry Truman, datado de 22 de Fevereiro de 1946, a partir da embaixada americana junto do Kremlin, afirmava que Estaline revelava às populações [11]“com a sua neurótica visão dos assuntos mundiais”, que a URSS continuava “cercada pelo capitalismo e que não poderia haver paz duradoura enquanto tal sistema hostil predominasse no Ocidente”. Neste mesmo telegrama, afirmava ainda que a expansão soviética precisava de ser contida, e explicava qual a política de contenção a adoptar. Kennan torna-se assim, na inspiração para a política de contenção do presidente Truman.
O que claramente resultou destas conferências foi que, para efeitos de reorganização politica, a Europa ficou dividida em duas áreas de influência: o bloco de leste, libertado pela intervenção do Exercito Vermelho, ficou sob tutela soviética; o bloco ocidental, democrático liberal, ficou sob tutela americana.
Esta divisão, em vez de se atenuar com o tempo, veio a ser confirmada quando os soviéticos impuseram o centralismo democrático nas chamadas democracias populares sob sua influência e os americanos responderam com o plano Marchall, um plano de ajuda económica com claros objectivos políticos e militares dissimulados, aceite pelos países do ocidente e recusado pelos países do leste sob tutela soviética que se organizaram economicamente no COMECON e politicamente no COMINFORM.


BIBLIOGRAFIA:

· ANDRADE, Luís Manuel Vieira de – Os Açores, a guerra Mundial e a NATO (ausência de dados bibliográficos, por ser fotocopia do Livro).

· COUTO, Célia Pinto do / ROSAS, Maria Antónia Monterroso – Tempo da História 12º volume 2 – Porto Editora 2003

· DEFARGES, Philippe Moreau. – “Introdução à geopolítica”, Gradiva – Fevereiro de 2003.

· DOUGHERTY, James E. / PFALTZGRAFF, Robert L. – RELAÇÔES INTERNACIONAIS As Teorias em Confronto – Gradiva 2003.

· MOREIRA, Adriano – Teoria das Relações Internacionais – 5ºedição ALMEDINA – Novembro de 2005.

· Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira – Atlas Histórico


Sites da Internet:

· http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,1478863,00.html

· http://educaterra.terra.com.br/voltaire/seculo/2003/12/02/000.htm

· http://www.exordio.com/1939-1945/codex/Conferencias/yalta.html

· http://www.mre.gov.br/portugues/noticiario/nacional/selecao_detalhe.asp?ID_RESENHA=117935



Índice:


· O fim da Guerra e o inicio da Guerra-fria. 2

· Ialta: 3

· Potsdam: 6

· Notas Finais: 8

BIBLIOGRAFIA.. 10

Sites da Internet: 10


[1] MOREIRA, Adriano – Teoria das Relações Internacionais – 5ºedição ALMEDINA – Novembro de 2005, p202
[2] Artigo 7º do protocolo da conferencia de Ialta (Crimeia), 11 de Fevereiro de 1945 – http://www.exordio.com/1939-1945/codex/Conferencias/yalta.html
[3] Artigo 1º do protocolo da conferencia de Ialta (Crimeia), 11 de Fevereiro de 1945 – http://www.exordio.com/1939-1945/codex/Conferencias/yalta.html
[4] COUTO, Célia Pinto do / ROSAS, Maria Antónia Monterroso – Tempo da História 12º volume 2 – Porto Editora 2003
[5] ANDRADE, Luís Manuel Vieira de – Os Açores, a guerra Mundial e a NATO (ausência de dados bibliográficos, por ser fotocopia do Livro)
[6] Ponto nº 5 do comunicado da conferencia de Potsdam, Berlim, 2 de Agosto de 1945
[7] Ponto nº3 /III do comunicado da conferencia de Potsdam, Berlim, 2 de Agosto de 1945
[8] ANDRADE, Luís Manuel Vieira de – Os Açores, a guerra Mundial e a NATO (ausência de dados bibliográficos, por ser fotocopia do Livro)

[9] DEFARGES, Philippe Moreau. – “Introdução à geopolítica”, Gradiva – Fevereiro de 2003. Pág.115
[10] George F. Kennan, diplomata e historiador. Ganhou o prémio “Pulitzer” que formulou a política externa básica seguida pelos Estados Unidos durante a guerra-fria. Foi membro do corpo diplomático dos EUA de 1926 a 1953. Foi reconhecido como a principal autoridade do governo Norte-americano na URSS, vindo a ser expulso por Estaline em 1952. Trabalhou em Lisboa, onde esteve presente nas negociações da base das Lajes.
[11] História do século XXI – http://educaterra.terra.com.br/voltaire/seculo/2003/12/02/000.htm

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