sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

As orelhas do mercador ... e a SATA


Orelhas de mercador” e agua mole em pedra dura tanto bate ate que fura são os provérbios que melhor se adaptariam ao modo como o actual Governo Regional tem encarado a questão da redução do custo das passagens aéreas entre as ilhas dos Açores.


Orelhas de mercador...; porque enquanto todos apelam a descida das tarifas das passagens aéreas - os partidos políticos da oposição, comerciantes, empresários e todos os demais que precisam de utilizar este meio de transporte - o actual governo dos Açores e o partido que o apoia olham para o lado e fazem de conta que não é com eles.


Agua mole em pedra dura...; a esperança que temos que tal redução seja compreendida e adoptada, ainda pelo actual governo ou por outro que o substitua, por tantas vezes se repetir que o custo das passagens aéreas inter-ilhas deve baixar.


Só com uma política de transportes aéreos de passageiros regulares e com tarifas acessíveis, entre todas as ilhas e para o exterior, é possível melhorar os índices de desenvolvimento de algumas das nossas ilhas e assim também contribuir para a fixação dos mais jovens. Lamentavelmente, este governo parece que ainda não o percebeu, há 11 anos que governa os Açores.


Se o agravamento dos combustíveis e de taxas aeroportuárias serve de justificação para não se reduzir o preço das tarifas aéreas, não se compreende que a transportadora aérea açoriana - a SATA, que é uma empresa regional de capitais públicos, tenha apresentado lucros fabulosos de 4.9 milhões de Euros relativos ao ano de 2006. Menos ainda se compreende quando se exibem tais lucros com a finalidade de atrair investidores para a privatização da SATA.

Em pequenas economias onde a concorrência é escassa e facilmente se criam monopólios, aos bons governos cabe garantir e defender os interesses das populações assegurando a prestação de serviços de caracter publico. As ligações aéreas entre as Ilhas dos Açores devem ter esse alcance


O transporte marítimo de passageiros pode ser um complemento as ligações aéreas, sobretudo no verão. é mais barato e em termos de quantidade tem uma capacidade muito superior. Nesse sentido já foi dado um passo importante, mas não o melhor. É preciso contar com as distancias que separam as ilhas açorianas e as tempestades que enfrentam no Inverno. É preciso saber avaliar, e decidir bem, sobre os navios mais adequados as nossas condições atmosféricas e aos portos que temos.


O transporte aéreo é rápido, cómodo e seguro. Com o transporte aéreo as distancias ficam mais curtas e ganha-se tempo. Em menos de duas horas de voo é possível ir de S. Miguel ao Pico e regressar. De barco e nas condições actuais são precisos 3 dias. De S. Miguel para a graciosa, em avião, a viagem de ida e volta leva cerca de 3 horas, com mais 20 minutos de paragem na Terceira. Se for de barco, nas condições actuais, a mesma viagem de ida e volta pode levar 264 horas - o equivalente a onze dias. Repito. Onze dias! Saindo de S. Miguel numa Segunda - Feira e só se regressa na Quinta - Feira da semana seguinte.


Dizem-me que, ha mais de trinta anos, uma empresa açoriana de transportes marítimos - a Transinsular, tinha um navio - de nome “Ponta Delgada”, que todas as semanas fazia uma viagem de S. Miguel ao Corvo e regresso, com paragens em todas as restantes ilhas, em apenas 5 dias . Saia de P. Delgada a Segunda-feira a noite e fazia paragens nas ilhas Terceira, Graciosa, S. Jorge, Pico, Faial e Flores. Ia ao Corvo e, na Sexta-feira.




Cláudio Almeida

P. Delgada, 2 de Agosto de 2007

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